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Oséias (Oséias 1:1-3:5)
Amor. O que é o amor?
Certamente você concordará comigo: uma coisa é falar de amor, outra coisa é vivê-lo. Sei que muitos descobrem o que é o amor de forma mais suave. Eu, entretanto, aprendi do modo mais difícil.
Meu nome é Oséias, filho de Beeri. Fui chamado para ser profeta numa época triste em Israel. Muita prostituição, embriaguez, insensatez e idolatria eram as marcas de meu povo. E foi no meio disso tudo que Deus me disse suas primeiras palavras que marcaram para sempre minha compreensão sobre o que é o amor: “Toma Gômer como sua esposa e saiba de antemão que será uma mulher adúltera, da mesma forma como adúltero é o meu povo, assim diz o Senhor”.
Linda. A formosura de Gomer me encantou. Seu sorriso me cativou. Nossas conversas eram maravilhosas, passávamos horas nos distraindo, trocando experiências... nos apaixonando. Nos casamos com a bênção de seu pai. E logo Gomer engravidou. Deus mais uma vez falou comigo oferecendo o nome da criança, e fez o mesmo com os próximos dois filhos: “Castigo... Desfavorecida... Não-meu-povo”. Sei que os nomes parecem estranhos, mas em Israel era comum oferecermos nomes que representassem algo da nossa história. E cada nome indicado por Deus era uma facada em minha alma. “... saiba de antemão que será mulher adúltera”, eram as palavras que ecoavam vez após vez em mim. Quando se ama, se sofre. Dor na alma. Ciúmes, indignação, raiva. Como ela podia fazer isto comigo? Tantas foram as vezes que busquei ser um marido atencioso, amoroso, cuidadoso. E o que tinha em retribuição? Traição. Amar é sentir. Afeiçoar-se, mas também indignar-se com as injustiças e traições.
Pensei em deixá-la. Mas como a deixaria? Havia feito uma aliança de lealdade com ela. E por mais que estivesse com o orgulho e a dignidade feridos quase de morte, comecei a pensar que poderia reconquistar minha esposa, que havia me deixado e estava com outro homem. Foi nesta época que começou a fazer sentido o restante daquelas primeiras palavras que o Senhor Deus falara a mim: “... da mesma forma como adúltero é o meu povo”. De repente percebi meu coração sofria a mesma dor e o mesmo ardor que o coração de meu Deus por seu povo; que juntos estávamos aprendendo a mesma lição, aprender a amar quem fazia pouco caso de nosso amor.
“Eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração.” Chorei ao ouvir estas palavras do Senhor. Que grande amor é esse que não desiste do pecador, que não o bane de sua presença, que busca reconquistá-lo mais uma vez e uma vez mais? Grande amor de Deus. Me senti fortalecido. E tomei uma firme decisão de reconquistar minha esposa. Amar é decidir amar. É comprometer-se de corpo e alma, razão e coração, com aquele que se ama. Decidi que só abriria mão de Gomer, minha mulher, se concluísse definitivamente que sua obstinação não teria mais volta. Porque amar também é respeitar dolorosamente a decisão de quem não mais quer amar.
Literalmente comprei minha mulher que havia sido entregue a escravidão pelos seus amantes. Amantes que jamais a amaram, jamais a cuidaram como eu cuidei. O adultério cobra um alto preço. E eu decidi pagá-lo para tê-la de volta.
Muitos dizem que amar é apenas uma decisão. Eu digo que amar é decisão-sentimento. Amar envolve tudo de nós. Toda a nossa alma, entendimento, coração, forças. É assim que Deus ama aqueles que o pertencem. E é por isso que espera que o amem da mesma forma. Simplesmente porque é assim que é amar.
Pr. Rodrigo Justino
Comunidade Cristã das Boas Novas<
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