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- Crentes ou evangélicos?
Eu não sei qual a sua opinião, mas vivo a me perguntar sobre com qual dos títulos acima é melhor que sejamos conhecidos: Crentes ou evangélicos? Eu, pessoalmente, já fiz a minha escolha. Tenho saudades dos tempos em que éramos conhecidos como crentes. E sabem de uma coisa: Era isso que estabelecia toda a diferença. Éramos crentes. Bem, você pode estar se perguntando: E daí? O que significava de fato ser crente? Em que os chamados crentes e a igreja de outrora se diferenciavam dos evangélicos de hoje? Vou responder, lembrando-lhe que esta é minha visão pessoal.
Os crentes de outrora diferentemente dos evangélicos de hoje, eram conhecidos como pessoas diferentes. Você já ouviu expressões tais como: “Não há diferença alguma, todas as igrejas são iguais”. Pois bem, esse conceito só surgiu após passarmos a ser conhecidos como evangélicos, e não mais e tão somente como crentes.
Os crentes de outrora, diferentemente dos evangélicos de hoje, tratavam pecado como pecado e não como “desvio de comportamento”, “caso” ou outro rótulo qualquer. A igreja composta pelos crentes de outrora se preocupava com uma vida de santidade, vida de modo diferente dos que ainda não se haviam convertido. Ser crente significava ser diferente.
Aos crentes de outrora, ao contrário dos evangélicos dos nossos dias, não era preciso ao pastor implorar para que chegassem à hora nos cultos. Eles tinham alegria de estar na casa de Deus. Conheciam e viviam espontaneamente as verdades registradas nos Salmos: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor (...). Vale mais um dia nos teus átrios do que mil dias em qualquer outro lugar. Prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas da perversidade” (Salmos 122. 1 e 84.10).
Aos crentes do passado não era necessário suplicar para que contribuíssem com a obra missionária. Ao contrário dos evangélicos de hoje, eram apaixonados pelas almas sem Jesus e salvá-las era a sua prioridade.
Diferentes dos evangélicos de hoje, os crentes do passado entregavam seus dízimos fiel e regularmente, entendendo que os mesmos pertenciam ao Senhor. É claro que havia na igreja “Ananias e Safiras”, mas eram uma exceção, ao contrário do que ocorre na igreja dos evangélicos, onde esses são a regras.
Aos crentes de outrora, o culto com os hinos e a pregação da palavra era suficiente para alimentar-lhes a alma e o coração. Ao contrário dos evangélicos de hoje, não necessitavam de shows e estrelas num palco para lhes dar a ilusão que foram satisfeitos. Tinham sede e buscavam aquilo que lhes atendia as necessidades da alma e não os desejos das emoções.
Pessoalmente, tenho saudades de éramos conhecidos como crentes, apenas como crentes. Isso significava ser um povo diferente, que amava a Deus, sua igreja, seu dia de culto (o domingo), sua palavra e que tinha a Escola Bíblica Dominical como o lugar para se enriquecer e instruir seus filhos no ensino da Bíblia.
Ser evangélico hoje é ser como todo mundo. Somos a maior geração de evangélicos do Brasil. Temos uma bancada evangélica no Congresso Nacional. Há um número sem fim de evangélicos eleitos e centenas de outros querendo se eleger. Somos milhares de igrejas evangélicas espalhadas pelo Brasil. E daí? Tudo isso tem causado quase nem um impacto na sociedade.
Temos sido alvos de chacota, escárnio, zombaria, desdém, pouco caso e descaso. E isso por causa da nossa conduta. Vivemos como evangélicos e assim somos conhecidos, mas já não somos reconhecidos como crentes. O povo da bíblia, da EBD, do culto, da igreja. Um povo diferente. O povo de Deus.
Posso até estar sendo retrógrado. Aliás, já me rotularam assim muitas vezes, mas sinto saudades do tempo em que éramos conhecidos como crentes em Jesus Cristo, e confesso que, pelos motivos acima expostos, não me identifico muito com o termo evangélico. Ele quase sempre soa pejorativo. Que se há de fazer? É assim que penso, é assim que creio.
Joás Máximo Oliveira: Pastor da SIB Cachoeiro de Itapemirim – ES
Transcrito do Jornal Batista de 27/02/11
Nota do Editor: particularmente, faço minhas as palavras do irmão Joás e me posiciono firmemente como CRENTE e não evangélico.
Infelizmente, vivemos um tempo em que alguns nem mais se consideram como evangélico, mas neo-evangélicos. Triste ver que não se trata de uma melhoria, mas de uma terrível piora nas já tão angustiantes ações que vemos hoje na igreja.
Que DEUS tenha misericórdia e derrame graça sobre Seu povo.